FALHA EXISTENCIAL
- ferrarolimuniz
- 9 de set.
- 2 min de leitura
Tenho que fazer um desabafo, até pouco tempo eu era um amante do conformismo, seguia fielmente a cartilha do sobreviver, cartilha essa tão presente em nossa realidade brasileira. Pessoas criadas para não pensar em suas vidas, criadas para pensar no problema de outras pessoas, essas que “fazem o favor” de nos presentear através de doações que muitos erroneamente ousam chamar de salário, tudo isso como um ato de agradecimento, já que nós, meros mortais, gostamos TANTO de trabalhar, que trabalharíamos de graça para essas bondosas entidades (acreditem, eu já ouvi isso, com menos sarcasmo e de forma mais direta, de ex donos de empresa que trabalhei).
Em meio a tudo isso, eu era mais um, sem sonhos ambiciosos, sem grandes projeções, e sem expectativas, já que as expectativas aumentam a dor da frustração. É a expectativa que aumenta a altura da nossa queda, certo? Acordava todos os dias às 05:30, entrava no retiro espiritual… quero dizer, trabalho às 07:30, e cumpria minha jornada de trabalho rumo a tão sonhada 17:30. Pontualmente registrava o meu ponto às 17:33 e finalmente liberdade, finalmente posso ser quem eu quero ser, finalmente posso ir ao mercado comprar o jantar com o resto de vale alimentação que restou no final do mês, ir para casa, tomar um banho fervente e ir dormir, afinal, amanhã é mais um dia de trabalho.
Minhas maiores ambições? Conseguir pagar todas as contas do mês, e quem sabe conseguir guardar algumas centenas de centavos para eventuais emergências, a vida dos sonhos. Desde quando eu me tornei um assinante do clube da aceitação? Será que eu nunca tive um sonho? Nunca almejei algo que faça eu me sentir realizado, vivo, feliz?

Texto e fotografia: FELIPE MUNIZ
@muniz_photo




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