FUGINDO PARA A MORTE
- ferrarolimuniz
- 13 de set.
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A gente anda com tanta pressa de que? Estamos correndo para alcançar a morte? Algumas vezes me revolto comigo mesma. Hoje foi mais uma dessas vezes. Onde exatamente eu quero chegar? O que exatamente eu estou tentando evitar? Quanto de vida eu estou disposta a negligenciar?
Durante a minha vida inteira me peguei correndo. Correndo loucamente, quase como se o tempo fosse o meu concorrente, quase como se fosse possível competir com ele e desbanca-lo. Onde é que eu estava com a cabeça? O que foi que eu aceitei fazer comigo em nome de uma corrida sem sentido? Com quem exatamente eu estou competindo?
Caso a gente ouse parar para pensar e reconhecer que a linha de chegada é a sepultura, parece burrice correr, não é mesmo?
Alguns anos atrás, na terapia, eu descobri junto à minha psicóloga que por algum motivo eu construí um carro feroz e extremamente potente, no qual eu costumava entrar, sentar no banco do passageiro e colocar uma pedra no acelerador. A adrenalina sempre me motivou e quando eu entrava nesses movimentos insanos eu conseguia me sentir viva. Eu finalmente conseguia me sentir viva. O único problema é que após esses períodos vinha a exaustão e momentos de angústia terríveis. Não raramente eu adoecia. Obviamente o meu corpo não aguentava tamanha pressão.
Com o tempo eu aprendi a me colocar no banco do motorista, mas ainda hoje me pego em momentos de corrida extrema, esquecendo que a vida está aí para ser vivida. Esquecendo que a única função da vida é de fato ser vivida.

Texto: BRUNA FERRAROLI @brunaferraroli Fotografia: FELIPE MUNIZ @muniz_photo
