TALVEZ EU NÃO SAIBA ANDAR
- ferrarolimuniz
- 4 de set.
- 2 min de leitura
Hoje, no instante em que acordei, senti meu peito apertar. Antes mesmo de conseguir abrir os olhos completamente, a minha mente já estava a me atormentar. Mais um dia de corridas impensáveis se apresentava. A única coisa que eu queria era compreender em qual momento isso tudo começou. Como é possível acordar e já estar aflita?
Algumas pessoas chamam isso de intensidade, quando na verdade para mim, muitas vezes, beira a insanidade. Não é um lugar muito confortável de se estar. Para ser sincera, é um lugar completamente desesperador. Cobranças absurdas e expectativas altíssimas. Qualquer instante em que eu não crie ou não produza é motivo suficiente para que surja a culpa.
Em qual momento eu aprendi que deveria sempre correr? Uma corrida frenética contra o tempo para produzir e viver tudo o que for possível. Uma corrida desenfreada em nome de uma validação que no fundo não me diz nada, porque nunca é o suficiente. Nada nunca é o suficiente. Eu quero sempre mais. Desde sempre, desde que me conheço por gente, quero mais, e mais, e mais, e mais...
Nada me basta. Sempre existe algo que falta. Sempre é possível aprofundar mais, criar mais, viver mais, sentir mais, correr mais, fazer mais, correr, correr mais rápido, fazer, fazer mais rápido, mais rápido, mais rápido, mais, mais, mais, mais, mais... até não suportar mais. Até sentir os seus músculos falharem. Até o seu próprio corpo decidir parar e te parar de formas nada agradáveis.
Aparentemente eu nunca aprendi a andar. Logo cedo corri e continuei correndo... querendo sempre correr mais rápido. Sinto que se aproxima a hora de fincar os pés no chão, senti-lo plenamente e finalmente aprender a andar. Quem sabe, com alguma sorte, eu consiga em algum momento criar raízes...

Texto e Arte: BRUNA FERRAROLI
@brunaferraroli




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